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As células-tronco, que podem ser transformadas em qualquer outra célula do corpo, já estão sendo usadas no tratamento experimental de corações com insuficiência cardíaca e de cérebros acometidos por acidente vascular cerebral

 

Regulamentação das pesquisas com células-tronco embrionárias depende de aprovação do Congresso
Muitas células especializadas do corpo não podem ser repostas por processos naturais se estão doentes ou foram seriamente danificadas. Funcionando como uma espécie de microchip em branco, que pode ser programado para executar qualquer tarefa especializada, as células-tronco são a maior esperança da ciência para ajudar o corpo numa tarefa feita naturalmente desde sempre: a renovação das células.
Até bem pouco tempo atrás, explica a bióloga e geneticista Nance Nardi, professora do Departamento de Genética da UFRGS, não se pensava muito em como órgãos e tecidos se renovavam. Hoje, afirma, os cientistas estão cada vez mais certos de que a imensa maioria dos tecidos que se renovam no organismo vem de células-tronco.
As células-tronco embrionárias foram identificadas pela primeira vez há pouco mais de 10 anos. Hoje, o uso de células-tronco adultas já é uma realidade no tratamento experimental de corações com insuficiência cardíaca e até de cérebros acometidos por ataque vascular cerebral (AVC). A boa notícia é que o Brasil também está pesquisando essas células. Grupos em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão estudando o uso de células-tronco adultas em doenças cardíacas e até auto-imunes.
De acordo com a farmacêutica e bioquímica Patricia Pranke, doutora em células-tronco pelo New York Blood Center e professora da Faculdade de Farmácia e da pós-graduação em Medicina da UFRGS, a regulamentação da pesquisa com células-tronco embrionárias no Brasil depende apenas da aprovação do Congresso Nacional, numa votação que deve ocorrer em alguns meses. Defensora árdua da pesquisa científica, ela tem percorrido o país, convidada para dar palestras sobre o tema e esclarecer dúvidas de políticos, professores e outros formadores de opinião sobre a área.
- É importante esclarecer que as células-tronco embrionárias são retiradas de um embrião com três dias de desenvolvimento, que nunca foi e jamais será implantado em um útero. O que se está pedindo é que essas células possam ser usadas para pesquisa. Não estamos afirmando que elas irão curar. No entanto, sem pesquisá-las não teremos essas respostas - diz.

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Como são diferenciadas

As células-tronco são cultivadas em placas de petri que ficam dentro de incubadoras, à temperatura de 37°C, e sob alta umidade. Como existem diferentes tipos de células-tronco, os componentes do meio de cultura - solução na qual são cultivadas as células - variam:

Embrionárias - São cultivadas em pequenas colônias, em camadas de células da pele, na presença de soro sangüíneo. As células da pele são chamadas de alimentadores e, com o soro, fornecem fatores que nutrem e dão suporte às células-tronco embrionárias em seu estado ainda não diferenciado.

Hematopoiéticas - São retiradas da medula óssea, placenta ou sangue do cordão umbilical. Atualmente é muito difícil cultivar células hematopoiéticas em cultura, pois elas tendem a se diferenciar e células específicas muito rapidamente. Por conta disso, seu cultivo ainda não é muito freqüente.

Mesenquimais - São isoladas da medula óssea e cultivadas em meios de cultura suplementados com soro de sangue. Esse tipo de célula-tronco adere ao plástico que está no fundo da placa de petri e pode de multiplicar por várias semanas antes de se diferenciar em células específicas.

Os usos

Atualmente, os estudos clínicos conduzidos em humanos são feitos com células-tronco adultas. Por enquanto a aplicação prática de células-tronco consiste em:

Diferenciá-las, ou seja, transformá-las em outras células, e transplantá-las no local danificado

Transplantá-las antes de se diferenciarem e esperar que o próprio organismo faça a diferenciação da célula

O que isso significa?

Esperança de tratamento

A expectativa mais promissora das células-tronco é a sua possibilidade de servir como fonte de reposição de células específicas, o que ajudaria no tratamento de diversas doenças, incluindo lesão medular, ataque vascular cerebral, doenças cardíacas, diabetes tipo 1, osteoartrite, artrite reumatóide, distrofias musculares, doenças do fígado, Parkinson e Alzheimer.

Cura da cegueira?

Regeneração da retina com células-tronco isoladas dos olhos podem levar a uma possível cura para olhos doentes e, quem sabe, no futuro, ajudar a reverter a cegueira.

O fim da calvície

Células-tronco do cabelo também já foram isoladas e, em pesquisas com ratos de laboratório, conseguiram reverter a ausência de cabelos por meio da regeneração das células do couro cabeludo.

Fonte de órgãos

Células-tronco embrionárias, capazes de formar todos os tipos de células funcionais adultas, são a esperança de que um dia se possa produzir células ou tecidos que desenvolvam corações, fígados e rins inteiros, resolvendo o problema da falta de órgãos para transplante.

Menos rejeição

Embora o transplante de células-tronco da medula óssea com um doador compatível esteja bem estabelecido como tratamento de leucemia e outras doenças do sangue, a disponibilidade de doadores e a reação do sistema imunológico do receptor são dois limites importantes nesse tipo de abordagem. Se espera que, por meio de técnicas genéticas, a retirada, o tratamento e a posterior implantação de células-tronco da medula do próprio paciente ajude a reduzir a incidência de rejeição nesse tipo de transplante.

clip_image001[1]Fonte: LEOLELI CAMARGO – Zero Hora de: 11 de novembro 2004.

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