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Alerta para a Doença de Chagas

Ainda há dúvidas se a ingestão do protozoário pela boca tem conseqüências piores do que as de outros tipos de contaminação, como a picada do barbeiro e a transfusão de sangue

clip_image002 A confirmação de pelo menos seis mortes causadas por doença de Chagas em Santa Catarina colocou em alerta as autoridades de saúde da Região Sul. O contato com o protozoário causador da enfermidade teria ocorrido pela ingestão de caldo de cana em quiosques nas proximidades da BR-101, no litoral norte catarinense.
O contágio por via oral - até então pouco conhecido - e a rápida evolução da infecção para a morte gerou dúvidas na população sobre se a ingestão do protozoário seria ou não mais grave do que a contaminação por outras formas conhecidas - como a picada do barbeiro contaminado, a transfusão de sangue ou contágio do bebê pela mãe.
A relação entre a forma de contaminação e a gravidade da doença ainda é um tema controverso, mesmo entre especialistas na enfermidade. Alguns acreditam que a reação à contaminação depende da quantidade do parasita que entrou no organismo. Outros crêem que a reação depende do sistema imune de cada pessoa.
Para a médica epidemiologista da Vigilância Ambiental da Secretaria Estadual da Saúde (SES) Célia Lammerhirt, a velocidade da evolução dos casos de Santa Catarina está associada à ingestão de uma grande quantidade de protozoários com o caldo de cana.
- Na picada do barbeiro a entrada de parasitas é menor - diz.
Já a infectologista e professora da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre Marilia Santos Severo acredita que a gravidade e a evolução da doença independe de como ocorreu o contágio. Para ela, quem contrair o mal pelo parasita tem risco de desenvolver infecção aguda e grave, independe de quantos microorganismos sejam.
- É provável que muitas pessoas tenham se contaminado e não tenham apresentado sintoma algum ou apenas manifestações leves, como febre, cansaço e mal-estar - afirma.
Embora pouco freqüente, a contaminação com o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença, já foi associada ao consumo de alimentos contaminados com esse microorganismo. Uma pesquisa feita no Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), na Bahia, demonstrou que o parasita não apenas consegue sobreviver em meio ao suco gástrico presente no estômago mas também é capaz de infectar seu hospedeiro, causando as mesmas lesões geradas nos casos de transmissão pelas vias mais conhecidas.
- O ideal é evitar a ingestão de alimentos em locais de higiene inadequada. Isso protege não só do Trypanosoma cruzi mas de diversos outros microorganismos - diz Marilia.
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Tratamento

É usada medicação específica que destrói o protozoário. Na fase crônica recente, acredita-se que ela ajuda a retardar o aparecimento das complicações cardíacas ou digestivas.

Quando estas já estão instaladas, o tratamento mais usado é o sintomático (para atenuar os sintomas) e a correção cirúrgica nos órgãos dilatados pela doença

Evolução da Doença

 

- Fase aguda

A maior parte das pessoas tem sintomas leves, como febre, ínguas inchadas, mal-estar e cansaço, que tendem a desaparecer sem maiores conseqüências após sete a 10 dias. Uma parcela bem pequena dos infectados desenvolve o que os médicos chamam de infecção aguda grave, caracterizada por febre alta e infecção do músculo cardíaco (miocardite). Pode ocorrer também infecção no tecido cerebral e nas meninges (meningoencefalite ou encefalite), mas a grande maioria das mortes ocorre em função da infecção aguda no coração, o que leva à insuficiência cardíaca

- Fase indeterminada

Se a pessoa contaminada passa pela fase aguda sem maiores complicações, entra na fase indeterminada da doença, que não apresenta sintoma algum. A duração dessa etapa varia de acordo com o caso e pode durar meses, anos, décadas ou a vida toda (algumas pessoas morrem de outras causas sem ter desenvolvido as complicações da fase crônica)

- Fase crônica

Em torno de 10% dos infectados com o Trypanosoma cruzi desenvolve a doença crônica. No organismo, o protozoário se multiplica dentro do músculo cardíaco destruindo a musculatura responsável por bombear sangue e provocando o aumento do tamanho do coração. No trato digestivo, o microorganismo destrói, pouco a pouco, os nervos e músculos que fazem com que o intestino se mova causando aumento do tamanho de estruturas como o cólon e o esôfago

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Fonte: Zero Hora / Caderno Vida: de 26 de março de 2005 - Edição nº 14458

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