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Nova York (EUA) saiu na frente e colocou no banco dos réus a mais maléfica gordura dos últimos anos: a trans. Nesta semana, a Comissão de Saúde de Nova York decidiu que, dentro dos próximos dois anos, todos os estabelecimentos que vendem comida na cidade, de bares a restaurantes, terão de banir de seus cardápios qualquer comida feita com essa gordura. Os donos desses estabelecimentos terão até 1º de julho de 2007 para eliminar a maioria dos óleos de fritura à base de trans e até 1º de julho de 2008 para parar de vender alimentos com a gordura.
Outra cidade norte-americana estuda seguir os passos da pioneira: Chicago. E, se a moda pegar, não tardará a chegar em terras brasileiras.
O cardiologista e cirurgião Fernando Lucchese acredita que, em breve, decisões semelhantes serão adotadas no Brasil. Ele lembra que a Associação Americana do Coração (AHA - www.americanheart.org) há alguns anos negocia com as grandes redes de fast-food a retirada da gordura trans de seus produtos e tem obtido algum sucesso. Mas a batalha mais difícil ainda está para ser travada: a mudança cultural de uma sociedade que aprendeu a consumir comidas pré-prontas na década de 60, com a chegada da gordura trans às indústrias e a avalanche de produtos industrializados nos supermercados.
- Nós incorporamos o hábito das comidas rápidas, que têm na gordura trans seu segredo de durabilidade, conservação e custo - explica o especialista.
Obtida por meio de um processo de hidrogenação da gordura vegetal, a trans mantém os alimentos em bom estado, mas não preserva a saúde do coração. Segundo Lucchese, ela desencadeia um processo de alta produção de colesterol pelo fígado. Após tentar combater a gordura no intestino, o colesterol entra na corrente sangüínea, e sua versão ruim, o LDL, machuca as artérias, provocando feridas e desencadeando a aterosclerose. É o início de um quadro que tem como última parada o infarto ou o acidente vascular cerebral (AVC).
O nutrólogo e endocrinologista Varo Duarte defende a eliminação de qualquer alimento com trans da dieta.
- É preciso reduzir a ingestão de gorduras e banir as hidrogenadas. Numa dieta saudável, cerca de 25% das calorias que ingerimos por dia devem ser de gorduras, indispensáveis para a saúde porque transportam vitaminas.
Ele faz um alerta que pode ser uma prova importante para a condenação da gordura trans: além de provocar a aterosclerose, pesquisas já demonstraram que essa gordura está associada ao câncer.
Para quem está assustado, a professora de Nutrição da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Renata Ramos dá um alento: quem não abre mão de uma refeição com verduras, legumes, arroz, feijão e carne pode estar livre da vilã sem prejuízos ao paladar.
- Em geral, as gorduras trans estão nos alimentos industrializados e nos fast-food, que são uma opção prática. É possível preparar um prato de comida ou escolher aquelas sem gordura trans, porém é preciso ter tempo para isso - diz Renata.
A boa notícia é que, aos poucos, a indústria banirá a trans por apelo do consumidor e dos cientistas, acredita a professora. Por ser mais barata, ter prazo de validade maior e conferir mais sabor aos alimentos, a gordura hidrogenada é mais usada para frituras ou preparo de bolos, pães, bolachas e biscoitos feitos em larga escala. Mas, enquanto padarias, restaurantes e supermercados não entram na onda 100% saudável, o jeito é prestar atenção no rótulo e verificar quais as porcentagens dos nutrientes que compõem cada produto comprado.

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De Olho no Rótulo

Para saber o que você está comendo:

1. Ache a tabela em que constam as informações nutricionais no produto

2. Entre os itens, procure as gorduras totais e a gordura trans. Você encontrará a quantidade de gordura trans em gramas e sua porcentagem do total de gordura do alimento.

Exemplo:

Gorduras totais 10g, das quais:

Gorduras saturadas 6g 60%

Gorduras insaturadas 2g 20%

Gorduras trans 2g 20%

3. Se, por acaso, a quantidade de gordura trans não estiver especificada, basta diminuir os valores de gorduras saturadas e insaturadas do valor de gorduras totais. O que sobrar é trans.

Exemplo:

Gorduras saturadas + gorduras insaturadas (se houver) = X

Gorduras totais - X = gorduras trans

4. Alimentos que dizem na embalagem "livre de gorduras trans" ou "trans free" (na versão em inglês) nem sempre estão realmente livres da gordura. Isso porque aqueles que não atingem o valor mínimo considerado (segundo a Anvisa, esse valor é de 0,2g) de gordura trans são considerados livres pela lei de rotulagem. Por isso, procure a tabela das informações nutricionais e se certifique de que não há mesmo gordura trans

5. Algumas vezes, a gordura trans está disfarçada de gordura hidrogenada. Fique atento a esse nome também

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Fonte: Jornal Zero Hora – Caderno Vida de: 09.12.2006. Por: SÍLVIA LISBOA E TATIANA TAVARES

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