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Em fevereiro de 1997, o escocês Ian Wilmut, um brilhante embriologista de 52 anos, anunciou a primeira clonagem de um animal adulto, uma ovelha. Todo mundo só falou disso, mas explicar que é bom, quase ninguém explicou. Agora você vai entender tudo direitinho. Por Flávio Dieguez | ||||||||||||
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O que o genoma pode fazer por você
Dr. Damian Carrington, da BBC News Online
Todas as discussões, os problemas éticos e todo o dinheiro gasto na descoberta do código genético humano já vão ter valido a pena se a decodificação do genoma cumprir pelo menos parte das suas promessas, principalmente no setor de medicina.
Em um futuro ainda distante, os cientistas poderão talvez impedir que doenças hereditárias sejam transmitidas aos filhos, cortando-as da carga genética dos indivíduos de uma vez por todas, com a chamada engenharia genética.
Mas, hoje mesmo, testes de DNA já permitem às pessoas que escolham as terapias e os estilos de vida mais adequados para combater as doenças.
Entre as duas pontas da escala do tempo, há uma série de possíveis avanços da ciência com o genoma.
- Milhares de novas drogas deverão ser criadas para doenças que antes não tinham tratamento.
- As drogas serão feitas especialmente para cada indivíduo, diminuindo os efeitos colaterais.
- Genes com erros poderão ser substituídos, acabando com doenças na sua origem.
A transformação das informações genéticas em novos tratamentos que valem ouro já está a caminho, de acordo com o chefe do Instituto de Pesquisa Nacional Genoma Humano dos EUA, Francis Collins.
Apenas no ano passado, segundo ele, a partir de dados colocados na internet, pesquisadores conseguiram identificar os genes responsáveis por mais de dez doenças hereditárias, entre elas duas formas de surdez e uma forma rara de epilepsia.
Empresas também fizeram um pente fino nos dados e descobriram genes que têm influência na diabetes, na asma, na psoríase e na enxaqueca.
Testes de DNA
Essa informações sobre os genes humanos já estão sendo usadas em testes para diagnosticar doenças. Apenas os EUA executam mais de 4 milhões de testes de DNA por ano.
Por exemplo, a hemocromatose é uma das doenças hereditárias mais comuns e causa elevados níveis de ferro no sangue.
Essa doença pode levar os órgãos a não funcionar mais, e a pessoa pode morrer com menos de 50 anos.
Anteriormente, o diagnóstico só era possível com a retirada de um pedaço do tecido do fígado: um procedimento doloroso e arriscado.
Agora, uma gota de sangue é suficiente para que seja feito um teste de DNA.
Uma dieta pode ser então administrada, e a doença pode ser controlada.
Com os testes de DNA, pode-se informar aos pacientes sobre as suas tendências a ter doenças e aconselhá-los a adotar uma determinada dieta ou um estilo de vida.
Remédios feitos sob medida
Estima-se que reações adversas a remédios receitados por médicos causam anualmente 2 milhões de internações e 100 mil mortes apenas nos EUA.
O problema é que cada ser humano é diferente de todos os outros. Um remédio pode ser eficaz para uma pessoa e mortal para outra.
Os novos dados sobre o genoma humano deverão permitir que vários grupos de pessoas sensíveis a alguns remédios sejam identificados.
Isso deve reduzir não apenas o sofrimento dessas pessoas, mas também os custos das terapias, que passariam a não ser mais administradas se ineficazes para aquele grupo.
As drogas feitas sob medida já estão sendo administradas hoje no tratamento da leucemia, por exemplo, mas isso só poderá ser uma prática comum quando os testes de DNA forem possíveis no consultório médico.
Novos remédios
Um dos principais avanços trazidos pelo genoma deve ser no setor de biologia molecular.
Hoje, já são conhecidos centenas de pedaços de moléculas que podem ser atacados pelos remédios para acabar com certas doenças.
Com o projeto genoma completo, acredita-se que esse número passe aos milhares.
A indústria farmacêutica já considera a biologia molecular um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de remédios.
"O maior impacto, o mais rápido, da decodificação do genoma humano deve ser a capacidade de identificar novos pedaços de moléculas do corpo que poderão ser atacados por remédios a serem criados no futuro", afirmou Ian Purvis, diretor-associado de genética molecular da empresa farmacêutica britânica GlaxoWellcome.
Terapia genética
A terapia genética, isto é, o uso direto dos genes como remédios, é a aplicação que parece a mais óbvia das informações do genoma.
Mas ela também é a mais polêmica, já que já ocorreram algumas mortes relacionadas a experiências desse tipo.
A atenção da terapia genética está focada em problemas de genes solitários, como no caso da fibrose cística.
Nesse caso, um gene com o problema pode ser cortado e substituído por um gene sadio.
Esses tipos de doenças, ligadas a apenas um gene, são raros, o que pode tornar o tratamento muito caro ou até mesmo caro demais para que seja desenvolvido.
A maioria das doenças, como os tumores, a diabetes e a esquizofrenia, envolve interações entre problemas em vários genes.
Portanto, essas doenças não podem ser tratadas pela terapia genética.
Além disso, retirar um gene anormal pode trazer outros problemas: o gene que causa uma forma de anemia, por exemplo, é o mesmo que protege o organismo contra a malária.
Mesmo assim, a pesquisa da terapia genética deve continuar, já que ela apresentou bons resultados no tratamento da hemofilia, por exemplo.
Engenharia genética
O uso mais extremo que se pode pensar para as informações do genoma é a modificação dessa informação de uma geração para a outra.
Nesse caso, um gene anormal seria identificado e corrigido nas células sexuais dos pais do indivíduo, antes mesmo da fecundação.
A doença então nunca mais apareceria nas gerações seguintes daquela família.
No entanto, "brincar de Deus", como alguns chamam esse uso das informações genéticas, só deverá ser liberado depois que forem superadas discussões éticas e preocupações sobre a segurança do método.
Alguns cientistas afirmam que podem ocorrer resultados inesperados nessas experiências.
Esperança ou exagero
Não há dúvidas de que a revelação do genoma humano vai trazer benefícios à medicina tanto no longo quanto no curto prazo.
Mas vários dos tratamentos possíveis deverão ser caros demais e não poderão ajudar em nada no combate aos danos causados por vírus e bactérias.
Já se disse que um "novo mundo" nos espera, um mundo em que todas as doenças poderão ser monitoradas por um leitor de DNA.
No entanto, como diz o doutor Ian Purvis: "Pode até ser que o mundo seja assim num futuro distante, mas essa idéia é baseada numa visão arrogante da humanidade de que ela consegue entender tudo o que encontra. Na verdade, ela nunca conseguiu".
Os clones já nascem com a idade do doador do DNA?
O uso de células adultas é um dos tópicos controversos quando o assunto é clonagem.
O material genético das células tem um marcador de tempo de vida, o telômero. Ele fica na ponta dos cromossomos. Cada vez que a célula se divide, o telômero fica mais curto. As células se dividem e se multiplicam para construir e recompor o organismo. Quanto mais elas se dividem, mais o telômero encurta e as células ficam mais velhas, até o ponto em que elas não se dividem mais e morrem. Pode ser que os clones nasçam com células que percam sua capacidade de reprodução, envelhessam e morram mais cedo. Como os clones gerados a partir de células adultas são recentes, ainda não se sabe se este processo ocorre.
Outro problema de usar células de animais adultos é que elas contém cromossomos deteriorados pelo tempo, que podem apresentar alguma anomalia que pode prejudicar a formação do organismo produzido a partir do seu código genético.
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