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Terapia celular com células-tronco embrionárias ou células-tronco adultas: esta é a polêmica.
O Senado aprovou em 6 de outubro de 2004 o projeto de Lei da Biossegurança, com o texto voltando à Câmara dos Deputados. O substitutivo proíbe a clonagem humana, mas assegura a utilização de células-tronco de embriões obtidos por fertilização in vitro, para fins de pesquisa e terapia, desde que transcorridos três anos do congelamento, sendo sempre necessária a autorização dos genitores. Estão definidas no projeto as penas para os que burlarem a legislação. Quem utilizar embrião humano em desacordo com as regras estabelecidas poderá ser preso por até três anos; a prática de engenharia genética com embrião humano pode resultar em detenção de até quatro anos. Para a clonagem humana, a reclusão pode variar de dois a cinco anos. Os infratores estarão sujeitos ainda ao pagamento de multa.

2. Clonagem terapêutica

O princípio da terapia celular é simples: restaurar a função de um órgão ou tecido, transplantando novas células para substituir as células perdidas por uma doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente. A terapia com células-tronco poderá, no futuro, tratar muitas doenças degenerativas - como as doenças de Alzheimer e Parkinson - ou resultantes do mau-funcionamento de tecidos, células ou órgãos - como as doenças cardiovasculares, nefropatias, diabetes tipo 1, o acidente vascular cerebral, as doenças hematológicas, as imunodeficiências, e traumas da medula espinhal. Foram produzidas, até agora, somente células-tronco, as quais devem ser transformadas em células específicas de tecido cardíaco, pancreático ou nervoso, por exemplo. A idéia da clonagem terapêutica é criar tecidos que são geneticamente iguais ou semelhantes aos dos pacientes para não serem rejeitados. A principal vantagem da técnica da clonagem terapêutica é a fabricação de células pluripotentes, potencialmente capazes de produzir qualquer tecido em laboratório. Poderá permitir o tratamento de doenças sem o risco da rejeição, caso o doador (do núcleo) seja o próprio beneficiado com a técnica.
Na técnica de clonagem para fins terapêuticos, um aprimoramento das técnicas hoje existentes para culturas de tecidos, há transferência de um núcleo de uma célula diferenciada para um ovócito do qual foi retirado o núcleo, através de uma micro-cirurgia. Este núcleo continha metade de todo o material genético (DNA), que programaria o desenvolvimento posterior do embrião. A outra metade viria do espermatozóide que o fertilizaria. A seguir é inserido o núcleo retirado de uma célula adulta. Essa célula é diplóide, ou seja, tem o conjunto completo de cromossomos e genes. Por um choque elétrico, a divisão é induzida, dando início à geração do embrião. A partir da fusão inicia-se o processo de divisão celular, e na primeira fase, entre 16 a 32 células, estas são consideradas totipotentes, capazes de diferenciarem-se em todos os 216 tecidos que formam o corpo humano, incluindo a placenta e os demais anexos embrionários. Na segunda fase, entre 32 a 64 células, ou mais, serão pluripotentes, capazes de diferenciarem-se em quase todos os tecidos humanos, excluindo os anexos embrionários.

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A interrupção do desenvolvimento do "embrião" na fase de blastocisto pode originar uma linhagem de células embrionárias com o mesmo patrimônio genético do doador do núcleo. Nesta fase ainda não existe nenhuma diferenciação dos tecidos ou órgãos que formam o corpo humano e por isso podem ser induzidas para a terapia celular.

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Portanto, o ovócito transnucleado entrou em divisão celular e originou um "embrião", e este, em vez de ser transferido para o útero de uma mulher (como na clonagem reprodutiva), foi desenvolvido in vitro até a fase de blastocisto com cerca de 100 a 200 células - as externas constituindo o trofoblasto e as internas o botão ou nó embrionário. São extraídas do seu interior, então, células especiais chamadas “estaminais” (stem cells), as células-tronco embrionárias. Estas são ainda suficientemente indiferenciadas.
Existem substâncias ou fatores de diferenciação que, quando colocados em culturas de células-tronco cultivadas em laboratório, determinam que elas se diferenciem em um certo tecido. Um estudo está sendo desenvolvido pela USP para averiguar o resultado do contato de uma célula-tronco com um tecido diferenciado, cujo objetivo é observar se a célula-tronco irá transformar-se no mesmo tecido com que está tendo contato. As células-tronco da pesquisa foram retiradas de cordão umbilical.

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A técnica apresenta, para seus críticos, uma série de limitações:
I. No caso de doenças genéticas, o doador não pode ser a própria pessoa porque todas as suas células têm o mesmo defeito genético.
II. Pode ocorrer alteração do DNA dos núcleos destas células cuja detecção não é possível, havendo, por isto, a possibilidade de gerar tumores. Aqui, deve ser lembrado que a má-formação de crianças geradas por reprodução assistida é três vezes maior que a natural.
III. Não é respeitado o princípio do respeito absoluto à vida de toda pessoa gerada e a garantia de seu direito inalienável de poder realizar o seu destino (Direito Constitucional). Este direito não está condicionado ao tempo de vida ou às suas condições, pois a partir da fecundação realizada de modo natural ou artificial, se constituiu uma nova vida humana.
IV. A ocorrência de rejeição e a necessidade de imunossupressores para o resto da vida. (Alice Teixeira Ferreira, professora de Biofísica da Unifesp, em seu artigo "A pajelança com as células-tronco").
V. Utilização de embriões "descartáveis", de viabilidade duvidosa.
VI. Não haver necessidade das mesmas uma vez que temos as CTs adultas, encontradas principalmente na medula óssea e no sangue do cordão umbilical e placentário, entre outros tecidos.

3. Células-tronco.

Células-tronco (CT) são as células com capacidade de auto-replicação, isto é, com capacidade de gerar uma cópia idêntica a si mesma e com potencial de diferenciar-se em vários tecidos. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele).
As células-tronco podem ser classificadas, utilizando como critério a fase da vida para sua obtenção, em dois grupos: células-tronco embrionárias e células-tronco do adulto, específicas para cada órgão ou tecido.

3.1. As células-tronco embrionárias.

São estudadas desde o século 19, mas só há 20 anos dois grupos independentes de pesquisadores conseguiram imortalizá-las, ou seja, cultivá-las indefinidamente em laboratório. Para isso, utilizaram células retiradas da massa celular interna de blastocistos de camundongos. Essas células são conhecidas pela sigla ES, do inglês embryonic stem cells.

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3.1.1. Em 1998 a equipe do biólogo James Thomson, na Universidade de Wisconsin (instituição que detém a maioria das patentes sobre linhagens de células-tronco humanas nos Estados Unidos) tornou o sonho biotecnológico um pouco mais real, quando conseguiu isolar e imortalizar as primeiras células-tronco de embriões humanos.
Cientistas sul-coreanos deram um enorme salto em direção à clonagem de embrião humano para obtenção de células-tronco: eles utilizaram 242 óvulos humanos para realizarem a clonagem. Destes, 20 embriões foram gerados e usados para extração das células-tronco. Para torná-las úteis à terapia terão que ser transformadas em células tecido-específicas para serem inoculadas nos pacientes. Para evitar complicações colaterais, formação de teratomas, a população de células transformadas deve estar sem contaminação de outras células.
Jong-Hoon Kim, do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, também dos Estados Unidos, e sua equipe publicaram o resultado de um estudo no qual geraram uma classe específica de neurônios a partir da cultura in vitro de células-tronco embrionárias. Os neurônios gerados foram usados para reverter sintomas de mal de Parkinson em ratos.
3.1.2. Em 1988, também foram isoladas células embrionárias germinativas (EG) humanas, derivadas das células reprodutivas primordiais de fetos, pelo embriologista John Geahart, da Universidade John Hopkins (EUA). Como as ES, as EG também são pluripotentes, ou seja, podem gerar qualquer célula do organismo adulto. Essas células são retiradas de uma estrutura denominada prega gonadal que, posteriormente no adulto, vão originar os espermatozóides e os óvulos.
3.1.3. Uma terceira abordagem pode originar células-tronco embrionárias. Embora não tenha sido utilizada como fonte das linhagens de células registradas, essa técnica ganhou muito destaque na imprensa, quando pesquisadores da empresa Advanced Cell Techonology a utilizaram para produzir "embriões" humanos de quatro a seis células. A técnica, denominada transferência de núcleo somático, baseia-se na remoção do núcleo de um ovócito, que, em condições adequadas, funde-se com uma célula somática (naquele caso, fibroblastos da derme). Se esse "ovo" começar a dividir-se, poderá originar um embrião cujo patrimônio genético é o mesmo do doador da célula somática.

3.2. As células-tronco de adultos.

São extraídas dos diversos tecidos humanos, tais como, medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical e placenta (estas duas últimas também são consideradas células adultas, haja vista a sua limitação de diferenciação). Nos tecidos adultos também são encontradas células-tronco, como medula óssea, sistema nervoso e epitélio. A mais e melhor conhecida é a célula-tronco hematopoética, capaz de diferenciar-se em glóbulos vermelhos, nos diferentes tipos de glóbulos brancos e nas plaquetas. A sua presença garante o sucesso dos diferentes tipos de transplantes de células hematopoéticas (chamados genericamente de transplantes de medula óssea).

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3.2.1. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que cada tecido adulto tem um tipo próprio de célula precursora, com capacidade limitada de diferenciação, o que representava uma enorme limitação. Em junho de 2000, um grupo do Instituto Karolinska (Suécia), liderado por Jonas Frisen, confirmou que células-tronco neurais de camundongos adultos têm capacidade generalizada de diferenciação, podendo gerar qualquer tipo celular, de músculo cardíaco a estômago, intestino, fígado e rim, quando injetadas em embriões de galinha e camundongo. Esse resultado quebrou todos os dogmas, indicando que uma célula-tronco adulta pode se diferenciar em qualquer tipo de célula, independentemente de seu tecido de origem, desde que cultivada sob condições adequadas.
3.2.2. Outro estudo que também já deu resultados com um grupo restrito de seres humanos que se submeteram a transplantes foi realizado pela equipe de Jonathan Lakey, da Universidade de Alberta, no Canadá, com pacientes com diabetes do tipo 1. Essa doença é causada pela redução de disponibilidade ou perda de sensibilidade à insulina, hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue e é secretado pelo pâncreas. A partir de células pancreáticas de órgãos doados, os pesquisadores induziram a maturação in vitro de células-tronco de ilhotas, que são as precursoras das células produtoras de insulina. Dos 38 pacientes que se submeteram ao transplante, após um ano, 33 estavam livres da terapia com insulina.
3.2.3. Uma equipe da Universidade de Toronto, do Canadá, liderada por Duncan Stewart, apresentou no ano passado, na Sessão Científica da American Heart Association, um estudo sobre a restauração da circulação sanguínea em ratos afetados por hipertensão arterial pulmonar, a partir de células-tronco da medula óssea transplantadas para vasos sanguíneos pulmonares.
3.2.4. A Universidade Duke da Carolina do Norte anunciou a obtenção de células de sangue de um cordão umbilical que, posteriormente foram transplantadas e transformadas em células cardíacas para reparar o tecido danificado. Os médicos asseguram que este método pode ajudar a tratar várias doenças que acometem as crianças, inclusive leucemia. O Duke Comprehensive Cancer Center validou cientificamente pela primeira vez que as células-tronco de cordão umbilical podem infiltrar o tecido cardíaco danificado e transformar-se nas células cardíacas necessárias para reparar o dano. Neste centro utilizam há uma década sangue de cordão para corrigir defeitos cardíacos, cerebrais e hepáticos em crianças com doenças metabólicas raras. Mas até agora careciam de evidência molecular para provar que as células sangüíneas de cordão eram responsáveis pela cura.
Pesquisas demonstraram que, durante a gestação, o sangue de cordão umbilical se torna uma rica fonte de células-tronco da medula óssea do próprio bebê. Após o parto, o sangue que permanece no cordão umbilical e na placenta, contendo células-tronco, é geralmente descartado. A partir dessas descobertas, as células-tronco obtidas do sangue de cordão umbilical vêm sendo utilizadas em modelos terapêuticos onde é indicado o transplante de medula óssea. O número de células-tronco que vem do cordão e da placenta é geralmente insuficiente para transplantar pessoas adultas. Portanto, crianças e adultos de tamanho pequeno ou médio (até 50 kg) podem ser tratados com essas células-tronco.
Logo depois do parto, o sangue do cordão umbilical do bebê é coletado e passa por vários processos de separação. As células-tronco ficam armazenadas em tanques de nitrogênio líquido até que seja necessária sua utilização por um paciente.

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3.2.5. No Brasil, o ministro da saúde, Humberto Costa anunciou, em 24 de setembro de 2004, no hospital Albert Einstein, em São Paulo, a implantação da Rede Pública de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário - Brasilcord. Resolverá, entre outras, as dificuldades de se encontrar doadores de medula óssea, buscando-se fontes alternativas de células-tronco.
O projeto pretende reunir até 2006, cerca de 20 mil bolsas de sangue de cordão umbilical, suficientes para cobrir toda a variedade genética do país, tornando desnecessária a procura de um parente para doação. Para coletar amostras de sangue de cordão umbilical capazes de representar toda a diversidade étnica brasileira, as dez unidades da Brasilcord serão instaladas em hemocentros distribuídos pelas cinco regiões do país. As cidades-sede dos bancos serão Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Nos bancos, serão armazenadas as células-tronco existentes em cordões umbilicais - cortados dos recém-nascidos - desde que a iniciativa seja autorizada pelas parturientes.
3.2.6. Um sucesso também foi obtido nas aplicações da terapia celular em neurologia para tratamento da esclerose múltipla, uma doença inflamatória crônica do sistema nervoso central, de natureza auto-imune, com déficit neurológico progressivo. Procura-se eliminar as células do sistema imune do paciente que estão agredindo seu sistema nervoso e substituí-las por novas células derivadas das CTH.
3.2.7. Em cardiologia as CTH autólogas (coletadas da medula óssea do próprio paciente) são ainda as células de escolha para uso em procedimentos que visam a regenerar o músculo cardíaco afetado por infarto.

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Fonte: Ciência Hoje, maio de 2001.

3.2.8. As células-tronco adultas também são usadas no tratamento da Doença de Chagas. Desde julho de 2003 um protocolo cirúrgico para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com a doença de Chagas está sendo praticado em Salvador e o procedimento é baseado em estudos feitos há cerca de três anos por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Salvador, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro; são eles os imunologistas da Fiocruz, Ricardo Ribeiro dos Santos e Milena Botelho Soares, e o fisiologista Antonio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ. Na primeira parte da cirurgia, é aspirado o líquido da medula óssea do paciente. As células-tronco são isoladas e depois injetadas nas artérias do coração. Os resultados até agora mostram que o novo material celular ajuda o coração a se fortalecer e, portanto, se defender melhor do Trypanosoma. O trabalho ganhou o Prêmio Zerbini de Cardiologia, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, entregue no início do mês de dezembro de 2003 em São Paulo, na categoria nacional. O valor da premiação foi de US$ 20 mil.
Críticos afirmam que outros estudos e pesquisas demonstram que a sua capacidade de diferenciação talvez seja limitada e que a maioria dos tecidos humanos não possam ser obtidas a partir delas. Apresentam, em casos especiais, uma pluripotencialidade, se cultivadas em ambiente adequado. Contudo, ainda seriam mais restritas que as embrionárias em seu potencial de desenvolvimento e capacidade de proliferação. As células-tronco hematopoiéticas - ligadas à formação e desenvolvimento de células sanguíneas - formam todo tipo de célula sanguínea in vivo, mas proliferam pouco em cultura in vitro.

Testes:

1. (UFRGS 1999) O esquema abaixo representa um importante experimento realizado por J. R. Guidon.

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O experimento acima representado demonstrou que
(A) núcleos de células diferenciadas podem originar organismos novos e completos.
(B) uma célula epitelial quando isolada, é capaz de originar um organismo completo.
(C) um óvulo não fecundado é capaz de originar um organismo completo.
(D) é impossível a criação de clones de vertebrados.
(E) o material genético encontrado no núcleo é desnecessário ao desenvolvimento de um organismo adulto.
Resposta: A. O termo clonagem, hoje já incorporado ao cotidiano das pessoas, deriva etimologicamente do grego klón, que quer dizer "broto" e pressupõe "qualquer grupo de células ou organismos produzidos assexuadamente de um único ancestral sexuadamente produzido". Essa tecnologia permite a obtenção de indivíduos geneticamente idênticos. A clonagem é possível pela fissão de embriões (produção artificial de gêmeos) ou por transferência nuclear, isto é, transferência de núcleos de células somáticas, diferenciadas porque já assumiram uma função específica, para ovócitos sem núcleo para produzir embriões reconstituídos que são capazes, após a transferência para hospedeiros adequados ou meios adequados, resultar em uma prole viável (Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia).
2. (UNESP 2004/1) Suponha que o seguinte experimento pudesse ser realizado. O óvulo anucleado de uma vaca recebeu o núcleo de dois espermatozóides de um mesmo touro. Esses núcleos fundiram-se, e a célula resultante comportou-se como um zigoto, que se dividiu nos primeiros blastômeros e foi implantado no útero de outra vaca. Ao final da gestação, nasceu um animal que
A) obrigatoriamente é do sexo masculino.
B) é homozigoto para todos os seus genes.
C) pode ser macho ou fêmea e ter características diferentes das do seu pai.
D) tem apenas um lote haplóide de cromossomos por célula.
E) é clone de seu pai.
Resposta: C. Os espermatozóides podem conter tanto um cromossomo sexual X quanto um Y. Assim, a junção de dois espermatozóides poderá originar tanto machos (XY) quanto fêmeas (XX). O indivíduo formado, devido à variabilidade gerada no processo da meiose, não será um clone de seu pai, apresentando características diferentes das dele.
3. (UFRJ 2003/ 2ª etapa) “As células-tronco extraídas de embriões humanos são alvo da chamada engenharia de tecidos. [...] Cientistas acreditam que dentro de alguns anos poderão produzir em laboratório células suficientes para tratar pacientes que precisem de transplantes para tratar doenças graves no coração, no fígado ou nos pulmões. Outra possibilidade é tratar lesões causadas por derrame ou acidentes na medula espinhal.” O Globo,2001.
a) Qual a propriedade das células-tronco que é tão importante e rara, a ponto de muitos cientistas estarem defendendo até a produção de embriões humanos para consegui-las?
b) A que células dos tecidos dos vegetais as células-tronco dos animais podem ser comparadas ?
Justifique sua resposta.
Respostas:
a) A totipotência, isto é, sua capacidade de originar qualquer célula do organismo.
b) Podem ser comparadas às células dos meristemas, por serem totipotentes.
4. (UNIFESP – Escola Paulista de Medicina – 2004/1) O tratamento da leucemia por meio dos transplantes de medula óssea tem por princípio a transferência de células-tronco da medula de um indivíduo sadio para o indivíduo afetado. Tal procedimento fundamenta-se no fato de que essas células-tronco
(A) podem ser usadas para a clonagem de células sadias do paciente.
(B) não serão afetadas pela doença, já que foram diferenciadas em outra pessoa.
(C) secretam substâncias que inibem o crescimento celular.
(D) podem dar origem a linfócitos T que, por sua vez, ingerem os leucócitos em excesso.
(E) podem dar origem a todos os diferentes tipos de células sangüíneas.
Resposta: E. O princípio da terapia celular é simples: restaurar a função de um órgão ou tecido, transplantando novas células para substituir as células perdidas pela doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente devido a um defeito genético. A grande promessa das células-tronco está na sua capacidade de diferenciação. Elas são células "virgens", como discos que podem receber qualquer tipo de gravação. A idéia é programá-las para formar tecidos específicos, que poderiam ser usados no tratamento de doenças.
A mais bem conhecida é a célula-tronco adulta é a hematopoética, capaz de diferenciar-se em glóbulos vermelhos, nos diferentes tipos de glóbulos brancos e nas plaquetas. A sua presença garante o sucesso dos diferentes tipos de transplantes de células hematopoéticas (chamados genericamente de transplantes de medula óssea).
5. (UCS 2004/2) As células-tronco são células que dão origem a todas as outras células do organismo humano. Trata-se de células não-especializadas, responsáveis pela formação de mais de 200 tipos celulares distintos, além de outras células-tronco. Essa capacidade de transformação inspira pesquisadores a aplicar as células-tronco em tecidos lesados que não se regeneram naturalmente, tais como
a) cartilagens e sangue.
b) nervos e tecido cardíaco.
c) nervos e cartilagens.
d) ossos e nervos.
e) ossos e tecido mielóide.
Resposta: B. O nome células-tronco é ilustrativo: partindo delas, podemos obter várias outras categorias de célula, como os ramos de uma árvore saem de seu tronco. É o processo da diferenciação, pelo qual surgem os 216 tecidos do corpo humano, a partir de um único zigoto (a primeira célula de um indivíduo, fruto da união do óvulo com o espermatozóide). A questão, na realidade, não era somente sobre células-tronco e sim sobre células permanentes, aquelas que não mais se reproduzem após o desenvolvimento embrionário, como as presentes no tecido nervoso e alguns tipos de tecidos musculares.
6. (UFPEL 2003/1) Imediatamente após um ovócito ser fecundado, começa a se dividir. Quando chega ao estágio de possuir 140 células, surgem as células-tronco. As células-tronco embrionárias são totipotentes (pluripotentes) e podem, teoricamente, originar todas as outras células do organismo, desde que adequadamente estimuladas. Em humanos adultos, a primeira célula-tronco reportada foi a hematopoiética.
As células-tronco foram descobertas em novembro de 1997. Pesquisa e tratamentos neste campo têm progredido muito, a tal ponto de serem relatados fatos surpreendentes, como o de tais células fazerem regeneração de nervos lesionados, poderem tornar-se células musculares esqueléticas, cardíacas (na recuperação de áreas lesadas por infartos), recanalizando vasos sangüíneos, etc.
Os milagres continuam a se desdobrar perante nossos olhos.
Em dados mais recentes, foi sugerida a possibilidade de serem congelados os cordões umbilicais de recém-nascidos, devidamente identificados, para serem utilizados pelo próprio indivíduo, se necessário, durante sua vida.
Com base no texto e em seus conhecimentos, responda.
(a) Por que os cordões umbilicais foram as estruturas escolhidas para o congelamento e com que finalidade foi realizada sua identificação?
(b) Qual a função da primeira célula-tronco referida no texto?
(c) Como é possível uma célula-tronco originar diferentes tipos de células?
Respostas:
a) Por serem os cordões umbilicais riquíssimos em células-tronco, ao serem congelados, poderiam ser utilizados pelo próprio paciente, quando necessário, anulando o risco de rejeição destas células.
b) A célula hematopoiética tem a função de originar todas as outras células sangüíneas.
c) Ao entrar em contato com o tecido original, esta célula receberá estímulos do próprio tecido (como a secreção de substâncias químicas), ou de outra parte do organismo, para realizar sua diferenciação.

Fontes:

http://www2.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=41680
http://www.bioetica.ufrgs.br/dollyca.htm
http://www.invivo.fiocruz.br/publique
http://revistapesquisa.fapesp.br/show.php?id=revistas1.fapesp1
www.mct.gov.br/especial/clone02.htm+clonagem+reprodutiva&hl=pt-BR&ie=UTF-8
http://br.wired.com/wired/tecnologia/0,1155,14245,00.html
http://www.abrabi.org.br/cloneanim.htm
http://www.imesp.com.br/noticias/io_shownoticias.asp?pk=3285
http://www.cienciaviva.pt/foruns/index.asp?accao=showForum&forumID=89
Textos disponibilizados na Internet por:
Prof. Dr. José Roberto Goldim
Prof. Milton Menegotto
Fernanda Diniz - MTb 4685/89/DF, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Marcus Vinicius Marinho, free-lancer para a Folha de S.Paulo
Claudeci Martins, da Agência Imprensa Oficial
Lygia V. Pereira, Ph.D. Depto. Biologia. Instituto de Biociências, USP
A geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP).
Marco Antônio Zago, professor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e coordenador do Centro de Terapia Celular.

Fonte: www.marcobueno.net – Prof. Marco Bueno, do Grupo Educancional Unificado – publicado no jornal Zero Hora caderno de Vestibular de: 13/10/04.

1 comentários:

Audifax Albuqueruque disse...

Gostei. Mas meu grande interesse é por célula tronco adulta para tratamento de câncer nos ossos da bacia e em um olho esquerdo. Tenho uma sobrinha com o mesmo tipo de sangue meu e outra com dente de leite, onde foi encontrado a medula óssea (Matéria Globo Reporter, estou correndo atrás desse hospital, em Recife, que tem Banco de Células Tronco. Estou em tratamento com a químioterapia, já passei pela radioterapia e agora estou na 20ª químio.Gostaria de passar pelo tratamento da célula tronco adulta, porque sei que vai ser mais rápido. Obrigado e parabéns.